Criação da ilustração da dialética entre conhecer e agir dentro da filosofia de Álvaro Vieira Pinto
Através desse post eu irei fazer a documentação do processo de criação da ilustração da dialética entre conhecer e agir dentro da filosofia de Álvaro Vieira Pinto.
Após a realização da ilustração do rosto de Álvaro Vieira Pinto deu-se procedência a produção de materiais ilustrativos de seus conceitos. Prosseguindo com a atividade foi determinada pelo o professor Gonzatto que deveria ser feita uma ilustração do conceito da dialética entre conhecer e agir, dentro da temática de projetos possíveis, que se relacionam com o conceito de Amanualidade. O professor já possuía uma representação gráfica do conceito, esta utilizada inclusive na sua tese de mestrado (tese), assim após entender o assunto de forma básica procurei me basear na ilustração do professor e no esquema de identidade visual dos materiais anteriormente produzidos (Amanualidade para Heidegger, Amanualidade para Álvaro e ilustração do rosto do filósofo) para realizar a ilustração, sempre procurando evitar erros conceituais que atrapalhem na mensagem (segue a baixo a ilustração base utilizada na tese).
Fonte: Rodrigo Gonzatto
Acompanhando o esquema de identidade visual dos outros materiais, principalmente nas formas e fontes, somente diferindo as cores para garantir a individualidade do material deu-se prosseguimento. Entretanto ainda foram levantadas algumas considerações pelo professor e por mim sobre a ilustração, de forma a evitar erros conceituais, lembrando que aqui não se faz o espaço ideal para se explicar os detalhes que fazem parte das considerações conceituais, se destinando a um texto mais descritivo/analítico do conceito de Amanualidade para Álvaro Vieira Pinto:
• Como já citado o conceito da dialética entre conhecer e agir acompanha o conceito de Amanualidade do filósofo brasileiro, entretanto não haveria a necessidade de identificação desse conceito nem de seu autor de forma marcante, além de um texto simples que acompanharia a imagem;
• A ilustração seria em quadro único, apresentando a personagem produzindo a ação de martelar um prego. Entre a personagem produzindo a ação e o final desta sendo o prego fixado em alguma extremidade seria embutida uma representação visual com setas e texto para representar o “caminho pelo qual a ação se desenvolve”;
• Deveriam ser retrabalhadas a personagem e a posição da ação desenvolvida por ela;
Tendo em vista essas considerações segue a primeira versão da ilustração com alguns apontamentos a respeito:
• Tendo em mente que a ilustração da Amanualidade para Álvaro Vieira Pinto utilizava de tons de verde, foi decido por utilizar uma cor próxima ao verde (neste caso um azul esverdeado), para que houvesse a intenção de associar as duas ilustrações;
• Foi aproveitada a posição da personagem e os elementos de parede e prego da ilustração da Amanualidade para Heidegger;
• O uso de formas mais geométricas na forma da personagem influenciou outros elementos gráficas como as setas, que se encontram mais angulosas, quadradas e robustas;
• Ao trabalhar com tons de azul esverdeado nas caixas que contem os textos “conhecer” e “agir” a intenção foi realizar uma separação visual e conceitual de ambas, como ideias diferentes que acontecem separadas no processo;
• A fonte utilizada para os textos, “Amatic SC”, já fora utilizada nas outras ilustrações e se mostrou uma alternativa interessante à medida que esta ilustração pretendia seguir um padrão de identidade visual. Além de ter por intenção reforçar a “presença humana” por conta da forma que imita a escrita manual (característica acentuada da filosofia de Álvaro Vieira Pinto que foi refletida em aspectos visuais);
Ao dividir o resultado da primeira versão com o professor Gonzatto, várias questões foram levantadas. Estas questões se faziam suficientemente importantes e problemáticas que fez necessário descartar essa primeira versão. As questões levantadas seguem a baixo:
• A ilustração utilizada como base já sofria de algumas incompletudes conceituais, à medida que não acompanhava algumas características importantes do material teórico base. A filosofia da existência de forma geral ressaltava a realidade circundante sócio-histórica ao qual o indivíduo se encontrava, de forma a considerar a especificidade da existência humana (ao invés de postular generalizações e considerações universais e ahistóricas). Através desse ponto pode-se considerar a importância de não somente construir um personagem que simplesmente executa uma ação, de forma recortada da realidade, mas também posicioná-lo em uma situação ou ambiente;
• A atividade de martelar é um exemplo tradicional que ainda ocorre na atualidade, entretanto o conceito da “dialética entre conhecer e agir” da à possibilidade de se entender outras atividades desenvolvidas pelo ser humano. A partir dessa consideração podem-se utilizar exemplos diferenciados. Desde o manejo de eletrônicos a outras atividades cotidianas, permitindo que o conceito possa abranger entre exemplos;
• Quanto à relação entre os textos e setas, dentro do conceito de “projetos possíveis” do filosofo brasileiro eles se encontram distantes, ao passo que devem ser entendidos como um processo que se alia e se retroalimenta ao invés de um processo que acontece em passos separados;
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Tendo em mente essas questões, foram estudadas alternativas de imagens que conseguissem compreender aos pontos levantados. Com base nesses pontos segue uma proposta de representação visual com alguns apontamentos a baixo:
• A proposta de formas, traçado e conteúdo foi vista sob outra perspectiva, procurando se distanciar daquela já trabalhada nas outras ilustrações. Na proposta acima foi adotado um traço simples, de formas mais arredondadas e até infantil, mas que ainda pudesse representar a totalidade do indivíduo (seu corpo) e conseguisse representar o espaço a sua volta;
• A proposta da composição era de contextualizar atividades (que seriam utilizadas como exemplo) dentro de um cenário que imita a realidade. Dessa forma temos: um cenário urbano (identificado através dos prédios ao fundo) que se faz mais verossímeis atividades que lidem com o manuseio de aparatos eletrônicos e digitais e uma parcela de natureza (arvores, gramíneas, pedras), onde se faz mais verossímeis atividades de descontração, lazer e também o próprio manuseio da natureza;
• A simplicidade do traço pretendia aliar menos detalhamento com mais conteúdo visual que pudesse ser utilizado como exemplos a serem analisados (relação entre o indivíduo e o celular, entre o indivíduo e a natureza, entre o indivíduo e um livro e etc);
• Seguindo a proposta bem lúdica e até infantil pretendia-se utilizar de cores fortes e alegres sugerindo um tom descontraído a tarefa de análise. Utilizando o branco somente para enfatizar a figura do indivíduo em primeiro plano na ilustração;
Após definir o estilo da ilustração após a proposta de representação visual foi dado prosseguimento a segunda versão da ilustração do conceito de “dialética entre conhecer e agir” com alguns apontamentos a baixo.
• Houve duas intenções nessa ilustração: contextualizar o personagem em um ambiente que pudesse dar exemplos diferentes e aplicar o esquema de “conhecer” e “agir” sobre uma ação. Assim a forma que melhor conseguia compreender a esses objetivos foi criar dois quadros, onde um teria a perspectiva geral e outra específica;
• As fontes utilizadas foram às mesmas das outras ilustrações: “Amatic SC” para os títulos dos quadros e textos em preto do esquema de conhecer e agir, e “Cookie” para as palavras “conhecer” e “agir”. Elas foram escolhidas mais pela característica que transmitem (escrita manual) do que para seguir uma identidade visual (diferente da primeira versão que pretendia seguir a identidade visual dos outros recursos);
• Apesar de utilizar uma cor mais forte para a proposta de representação visual, foi decidido por uma cor mais escura e acinzentada, que procura transmitir seriedade (apesar do traço mais infantil e simples) e não ser tão claro e brilhante para a visão;
• Após a proposta de representação visual foi decidido por dar destaque também para a personagem que lê, já que antes se tinha a percepção que ela somente fazia parte do cenário, sendo que na verdade ela também pode ser utilizada como exemplo. A cor da personagem se fez mais escura que a do personagem em primeiro plano justamente buscando trabalhar o efeito da profundidade sobre a cor, o mesmo ocorre nos prédios ao fundo;
• Foi utilizado mais tons para compor a ilustração à medida que esta se faria mais interessante visualmente do que a proposta que utiliza de cor chapada, com um único contraste que seria o personagem em primeiro plano;
• No quadro direito foi utilizado um recurso de transparência em um filtro colorido sobre a ilustração, para que o esquema de conhecer e agir tivesse melhor legibilidade;
• O esquema de conhecer e agir do quadro direito foi pensado a partir da ideia de “intersecção”, onde há um ponto em comum entre duas entidades. O ponto em comum vai de auxilio a ideia de que o “conhecer” e o “agir” não se fazem de forma separada, mas que acontecem em conjunto e se retroalimentam. A forma circular que envolve os textos além de ter como origem esquemas de intersecção, tinha como intenção representar um conceito mais expansivo e fluido, à medida que não acontece em um ponto específico da anatomia do ser humano ou em uma atividade da realidade. Mas sim em um conceito que compreende a uma infinidade de ações e atividades no mundo. As cores do circulo foram decididas por azul e roxo a fim de harmonizarem com as outras cores utilizadas na ilustração;
Com base nos pontos da segunda versão segue a baixo a terceira versão com alguns apontamentos a respeito:
• Esta versão pouco divergiu em relação a anterior ao passo que as palavras do esquema no quadro da direita foram mais bem centralizadas dentro da área do circulo garantindo uma melhor legibilidade;
• Posterior ao termino dessa versão foi percebido que o sentido das setas se encontrava invertido, configurando assim um erro conceitual que precisaria ser reparado;
• Mesmo havendo dois personagens no quadro esquerdo para serem utilizados como exemplo do conteúdo e houvesse a representação do espaço em volta (fazendo uma referencia a realidade ao quais os personagens estavam inseridos) havia espaço não utilizado na composição que se fazia morto. Esse espaço ou seria preenchido ou deveria ser retirado;
• Tanto a frase “O ser humano e suas Amanualidades no mundo” do quadro esquerdo, quanto “dialética de conhecer e agir no mundo” do quadro direito se encontravam conceitualmente erradas. Ao passo que dentro do conceito de Amanualidade (ao qual o conceito da dialética entre conhecer e agir faz parte) já faz referencia a ação transformadora no mundo, assim as frases seriam redundantes;
Com base nos pontos da terceira versão segue a baixo a quarta versão com alguns apontamentos a respeito:
• As frases de titulo das duas imagens foram corrigidas conforme a teoria;
• As setas do esquema de “conhecer e agir” do quadro a direita foram acertadas conforme a ilustração base;
• Uma ideia surgida com a versão anterior foi a de posicionar o esquema de conhecer e agir sobre as partes do corpo do personagem do exemplo. De forma a fazer uma correspondência visual entre o corpo e o esquema, onde o conhecer aconteceria na cabeça e o agir sobre as mãos e o objeto. Mas ainda sim entendido como um processo que ocorre em conjunto se retroalimentando;
• Para preencher o espaço da composição esquerda foi adicionado um personagem realizando uma atividade diferente (interagindo com a bola) ao qual poderia ser utilizado também como exemplo. Entretanto foi percebido pelo professor Gonzatto que havia um problema com representação de gênero. Ao passo que não havia igualdade em número dos gêneros dos personagens (dois personagens masculinos para um feminino, esta identificada pelo cabelo comprido) e a ocorrência de uma atividade supostamente “ligada” a um gênero (indivíduo masculino jogando bola);
• Por conta de edições subsequentes na imagem esta acabou ficando com um tom mais escuro-esverdeado do que o anterior que era mais escuro-azulado. Por sí só não é um problema para o entendimento nem para a legibilidade, mas somente foi percebido tardiamente e não foi possível retornar com exatidão a cor anterior (meus conhecimentos foram insuficientes para tal) então foi decidido prosseguir com esta cor;
Com base nos pontos da quarta versão segue a baixo a quinta versão com alguns apontamentos a respeito:
• Posterior à versão anterior foi percebido que o personagem no quadro direito não se encontrava devidamente centralizado, de forma que sobrava espaço morto na parte superior da imagem. Vendo por esse aspecto a imagem foi recentralizada;
• Ainda havia problemas de legibilidade no texto do esquema de “conhecer e agir” do quadro a direita, então houve necessidade de trabalhar novamente com a transparência do filtro colorido sobre a imagem a fim de facilitar a visualização dos textos;
Com base nos pontos da quinta versão segue a baixo a sexta versão com alguns apontamentos a respeito:
• A fim de melhorar a legibilidade dos textos do esquema de conhecer e agir do quadro direito foi alterada a transparência do filtro colorido sobre a imagem, de forma a ficar mais opaco. Entretanto foi percebido após o processo que a ilustração por baixo do esquema estava demasiada opaca, o que poderia causar problemas de identificação das formas, a pesar de garantir uma boa legibilidade do texto;
• Nesta versão foi adicionada outra personagem feminina (questão discutida nas considerações da quarta versão do recurso). Pensando na questão dos papeis de gênero atribuídos, foi decidido por manter a bola perto do personagem masculino, mas desta vez tendo a personagem feminina em suas proximidades. Pode-se dar a entender com a proximidade dos dois, que há o envolvimento de ambos na atividade de lazer. Além disso, teve-se a intenção de estabelecer outro tipo de atividade para os dois personagens além do lazer, sendo escolhida a comunicação (representado pelos “balões de fala”) entre os dois como outro tipo de exemplo dentro da ilustração;
E assim com base nos pontos da sexta versão segue a baixo a versão final com alguns apontamentos a respeito:
• A única questão a ser declarada na versão final foi à alteração sutil da opacidade do filtro colorido sobre a imagem do quadro direito. Esta alteração buscou o equilíbrio entre conseguir compreender o texto do esquema e compreender a ilustração atrás deste;
Assim tendo se solucionado os problemas perceptíveis eu e meu orientador definimos como finalizado o material;
Como o projeto é de um recurso educacional aberto, junto da documentação deve ser disponibilizado os arquivos para aquisição e edição pela comunidade interessada, junto da licença creative commons, como segue a baixo:
obs:Serão apenas disponibilizados o recurso final, a proposta de ilustração e a primeira versão, pois as versões intermediárias podem estar com erros conceituais que se forem utilizados podem transmitir erroneamente as informações.
/sites/default/files/user/u2405/dialeticacxa1_0.jpg
/sites/default/files/user/u2405/proposta_de_ilustracao.jpg
/sites/default/files/user/u2405/dialeticacxafinal.jpg
As fontes utilizadas na imagem podem ser adquiridas via https://www.google.com/fonts/
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Comentários
#1
Após a produção dessa ilustração, com o uso do recurso foi percebido que ele funciona melhor com suas partes separadas, não como um quadro dividido em duas. Assim da a chance de quem utilizar o material escolher a parte que melhor funciona para seus objetivos.
Assim a imagem fora dividira em três:
Segue a baixo os arquivos:
/sites/default/files/user/u2405/dialeticacxanova1.jpg
/sites/default/files/user/u2405/dialeticacxanova2.jpg
/sites/default/files/user/u2405/dialeticacxanova3.jpg