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Referência sobre conceito de interfaces

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Referência sobre conceito de interfaces

Na semana passada, eu e a Isadora conversamos, e fiquei de trazer algumas referências sobre a definição de “Interface”.

A ideia de interfaces é diferente da de interações, mas as interações acontecem com e por interfaces. Interfaces também não são só as interfaces gráficas, as GUI (Graphical User Interface), e nem sempre se refere a "User Interface" (UI), apesar de que o termo "interface" aparece, geralmente, em Design de Interação, para designar GUI e UI. O termo as vezes é utilizado para designar tanto uma coisa, uma parte, ou um aspecto de um artefato (a interface de um software, por exemplo) como, em outras disciplinas que não o Design de Interação, é utilizado para explicar pontos de contato, no "entre" dois domínio (como, por exemplo, na frase "Os Recursos Educacionais Abertos estão na interface entre Educação e IHC).

Uma definição, bem legal, é do Guy Bonsipe, para quem o domínio do design é o domínio da interface. Para uma introdução, ver esse artigo do Mauro Pinheiro (2009, "Autoria e Comunicação no Design"): http://www.feiramoderna.net/2009/04/27/autoria-e-comunicacao-no-design/

Para ir direto à leitura de um texto do Bonsiepe, ver livro "Design: do material ao digital". Não tenho esse livro, lembro de ter lido só um pouco do início uma vez, mas me parece que a definição de Design dele é bem legal para nós. Veja abaixo um trecho que separei do texto "DESIGN MODERNO: AS LIMITAÇÕES TERMINOLÓGICAS", de Roberto H. G. Eppinghaus. Atenção porque nesse debate a questão do Design não é só Design de Interação, mas todo Design (grifos abaixo são meus):

Gui Bonsieppe, que enfatizava nos anos setenta o caráter de modismo do termo design; atualmente continua tendo uma postura crítica frente as aplicações indevidas da referida terminologia. Contudo, a reconhecida autoridade informa (BONSIEPPE, 1997, p. 31) que a proposta do design dos anos noventa se afasta dos conceitos de forma, função e necessidades que em geral são usadas para caracterizá-los. Isso colocaria o design no quadro da ação social. Para o autor a reinterpretação do conceito ‘interface’ na computação leva ao cerne do design: a relação  entre usuário e artefato na qual a dimensão operacional é constitutiva. Bonsiepe opina (idem, p. 15-16) que cada um pode chegar a ser um designer no seu campo de ação. Segundo ele os objetos do design não ficam restritos apenas aos produtos materiais e nenhuma profissão pode pretender ter o monopólio dele. Assim, por exemplo, um analista de sistema que cria um novo procedimento para reduzir o desvio de malas no tráfego aéreo está fazendo design. Do mesmo modo, faz design um geneticista que obtém um novo de novo tipo de maçã, resistentes a influências externas.

Vinte anos após o surgimento de A tecnologia da tecnologia, foi publicado no Brasil Design: Do material ao digital. Nessa obra Gui Bonsiepe utiliza com precaução o termo design. Na introdução do livro o especialista coloca a sua posição ( BONSIEPE, 1997, p. 7): “Nas versões originais utilizei a palavra ‘design’ como sinônimo para ‘projeto’. O conceito ‘design’ experimentou, durante a década passada,  uma acentuada difusão e popularização – o que se pode considerar um fato positivo. Por outro lado, sofreu também uma estranha limitação aos produtos do micro-ambiente da casa. Desta maneira, ‘design’ é hoje uma palavra mais apropriada para designar  a atividade de ‘decoração de interiores’. Na opinião pública o conceito ‘design’ – atualmente um modernismo de valor questionável – vem associado à idéia de caro, complicado, de curta duração e individualmente rebuscado,  com a promessa do glamour instantâneo. O teor deste livro deixará claro que eu não compartilho esta interpretação. Ao contrário, interessa-me recuperar uma interpretação mais rigorosa do conceito ‘design’, defendendo-o contra tendências de oportunisno ágil que descaracteriza este termo com uma compreensão distante do profissionalismo”.

Dadas a extensão e a complexidade alcançadas atualmente pelo saber humano, os eruditos têm demonstrado cautela e recomendado prudência em relação as concepções mais abrangentes, de caráter totalizante. Sobre isso, ao abordar a questão do design, Gui Bonsiepe comenta (BONSIEPE, 1997, p.15): “... Existe o perigo de se cair na armadilha das generalizações vazias do tipo 'tudo é design'. Porém nem tudo é design e nem todos são designers. O termo 'design' se refere a um potencial ao qual cada um tem acesso e que se manifesta na intenção de novas práticas da vida cotidiana. Cada um pode chegar a ser designer no seu campo de ação. E sempre deve-se indicar o campo, o objeto da atividade projetual ( ) Os objetos do design não se limitam aos produtos materiais. Design é uma atividade fundamental, com ramificações capilares em todas as atividades humanas; por isso, nenhuma profissão pode pretender ter o monopólio do design”.

Comentários

#1

Encontrei um texto antigo em IHC, do Liam Bannon e Susanne Bødker, que pareceu bem bom: Beyond the Interface: Encountering Artifacts in Use. Capítulo 12 do livro de CARROLL (Ed.) Designin Interaction: Psychology at the human-computer interface, 1991. Disponível em: https://services.brics.dk/java/courseadmin/TQMHCI/documents/getDocument/(ban2)LB%2BSB-Beyond_the_Interface.pdf?d=101243

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