Palestra "Design Livre: Uma estratégia de Inovação Aberta para todos"
O CONE Rio 2011 convidou o Frederick van Amstel e o Gonçalo Ferraz para apresentarem a palestra "Design Livre: Uma estratégia de Inovação Aberta para todos", transmitida ao vivo e que foi gravada e está disponível para qualquer um poder assistir :)
Os slides da apresentação também estão online:
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Comentários
#1
Bom, meu comentário inicial é com relação às Liberdades Fundamentais:
1. A liberdade de aprender a usar o produto da forma projetada ou do jeito que quiser.
Todos já tem essa liberdade, ou não? O grande lance é que você desresponsabiliza os objetos e transfere a responsabilidade para o Uso que foi feito a partir dele. Isso eu acho perigoso, principalmente para uma sociedade desinformada. Quem responderá pelas consequências do mau-uso daquele objeto livre? A partir disso, acho que vale a pena ressaltar a importância de deixar claro, que mesmo os produtos com Design Livre devem informar o uso a que se destinam, pelo menos inicialmente. Por ex. aquele aspirador robô que começou a ser usado como base para filmar em movimento, sua função era aspirar, e ele foi testado e certificado para esta função. Não é tão simples libertar o Design principalmente se falamos de produtos físicos, os quais envolvem riscos à saúde e à vida.
4. A liberdade de aprender a fazer design.
Eu assisti estes dias Patch Adams, e tem uma cena em que ele é questionado por exercer a medicina sem diploma. Aí ele retruca, perguntando, o que é fazer medicina? É buscar a prevenção e cura de doenças, sim eu fiz isso. E aí ele pergunta quem nunca foi médico um dia?
Penso que o lance não é o fazer design, isso já é livre. Mas existem pessoas que se aprofundaram nisso e quando você opta ser um profissional, você escolhe também se responsabilizar pelas consequências de seus atos. O engenheiro que fez o prédio que caiu e matou não sei quantas pessoas está respondendo por grande parte da culpa relacionada ao projeto, pois ele tinha um diploma de engenheiro. Agora, se ele não tivesse este diploma e mesmo assim contratassem ele para fazer, mais pessoas responderiam pelo erro, não?
Não seria pertinente questionar a justiça antes de libertar o povo?
A seguir, algumas opiniões e reflexões sobre trechos do vídeo...
Gosto dessa divisão Designer Thinker x Designer Amador. Diante disso, por que não criar 'regras de conduta' do Designer para então libertar os amadores para fazer DESIGN, ora um diploma hoje não diz quem é designer, quem faz design afinal? Se o cara modificar seu próprio produto, fez design? Ué, mas design não é aquilo que se faz para passar adiante? Diante da lei, então, qualquer um que fizesse design sem diploma poderia responder pelas consequências, agora, se ninguém sabe o que é fazer design, alguns fazem profissionalmente, e outros fazem gambiarra (Design intuitivo?), como distinguí-los e como responder pelo que se fez intuitivamente x conscientemente?
Acho massa essa idéia de compartilhar o processo, não sei porque mas isso 'linka' na minha cabeça com 'story telling'... o valor do produto além da sua aparência. Será que o 'design livre' pode ser um 'plus' na estratégia de marketing inicialmente?!
(Pra mim, o design livre devia ser orgânico... será que vale a pena firmar fundamentos ou apenas vivenciá-lo e relatar as observações?)
Muito interessante essa reflexão do Gonçalo no final, acho que é massa vender produtos e dar processos, realmente, isso faz um produto ser livre... É o primeiro passo para uma mudança de mentalidade cultural em que o fim é a liberdade e não o dinheiro! É também o primeiro passo para perceber o domínio da 'matéria' sobre nós, algo que não vemos pela ilusão do dinheiro, que nos dá 'poderes', mas deixemos isso de lado, esse é o próximo limite a ser vencido!
A questão da garrafa é pertinente para a mentalidade atual que visa o fim no dinheiro, e o design livre só pode ser entendido se for pensado adiante, para uma sociedade em que ganhar dinheiro não é importante. Esse é o foco dessa disseminação.
Agora, seria muito interessante iniciar um projeto de 'design livre' para resolver o problema de precisarmos de dinheiro para comer e acessar o google (sinônimo de obter conhecimento)! Na verdade, o governo que devia ser o responsável por providenciar esta parte pra gente, né? Mas...
Com relação à mobilização de pessoas diferentes para resolver um problema, isso me fez pensar em como é difícil ter uma 'fórmula mágica' de design, será que depende do tamanho do problema? Como seria um modo de Design Livre em casos de big-problemas-sociais?
'Fechar para o usuário não se perder?' Ou fechar para ele não se achar? rs
Desmistificar processos leva para busca de referências e para o valor da qualidade do trabalho de determinado profissional.
Ex. Futebol, todos jogam mas nem todos são jogadores profissionais.
Ainda assim mantém-se a competição no mercado, porém de maneira justa e saudável.
Eu acho que tem aspectos do design livre que já podem ser aplicados hoje tranquilamente!
1. Ter domínio, ou consciência, sobre o processo de design, e justificativas para ele, é um bom filtro para separar Design de não-Design.
Liberdade de tomar decisões éticas.
Ave Faber!
#2
Gabi, seus comentários enriqueceram bastante a discussão! Obrigado!
Risco e segurança são argumentos muito utilizados para cercear a liberdade da população. O argumento parte do princípio que o usuário não é capaz de perceber situações de risco e se prevenir por conta própria. Se ele for informado dos riscos e tiver os meios necessários para proteger-se, não será negligência dar-lhe a liberdade.
Sobre a questão do dinheiro, é muito simples. Ninguém quer dinheiro. As pessoas querem o que o dinheiro compra. Se existir outras maneiras de obter os mesmos benefícios sem o dinheiro, está tudo bem. O Software Livre e o Design Livre estão tentando criar outras formas de motivar as pessoas a fazerem coisas que não precisem da mediação do dinheiro. Você participa dos projetos para ganhar outros benefícios, como aprender mais, conhecer outras pessoas, se divertir e ficar famoso. Tudo isso pode ser trocado por dinheiro mais adiante.
Se oferecer conteúdo de graça não fosse sustentável, não teríamos televisão aberta e nem Google que, aliás, movimentam muito dinheiro.
Gostei dessa idéia de domínio sobre o Design como critério para definir o que é ou não é Design. Se você considerar a definição de projeto intencional, é coerente. Mas, se você considerar Design como uma atividade coletiva em que muitas pessoas não estão conscientes, como por exemplo, o desenvolvimento de uma cidade, aí não dá conta.