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Estudo de caso: Cultura Digital nas Escolas de Santarém

Estudo de caso: Cultura Digital nas Escolas de Santarém

Capítulo: Aprender fazendo, fazendo aprendendo

Santarém é um caso diferenciado de implantação de uma política pública de informática educativa, pois o movimento de cultura digital foi da comunidade para a escola e do encontro entre professores, alunos e ativistas de software livre, começou um processo de planejamento participativo, onde as bases que fundamentaram as ações foi a participação dos professores e alunos a partir dos príncipios da ética colaborativa: conhecimento, colaboração e liberdade. 

Após a criação do Núcleo de Informática Educativa da SEMED em Santarém, começarem a ser desenvolvidas diversas formações tecnológicas com softwares livres de comunicação com professores que replicavam essas oficinas com seus alunos, utilizando conteúdos curriculares. A partir do uso dessas tecnologias livres os professores começaram a despertar para a necessidade de colaborar uns com os outros e a entender que a importância de usar software livre estava além do fato de ser um programa gratuíto, e sim por ser construido de maneira colaborativa, sendo esse debate levado para outros professores e também compartilhado com os alunos. A partir dessa visão ocorreu um movimento de migração pessoal em que os próprios professores começaram inicialmente a usar concomitantemente os dois sistemas operacionais em suas máquinas pessoais e perceberam que a grande diferença entre um software e outro estava na filosofia proprietária do Windows e colaborativa do GNU-Linux.

O próprio movimento tem tomado corpo e com o apoios locais tem buscado criar um ambiente propício ao cultivo de uma inteligência coletiva capaz de construir conhecimento a partir da apropriação das ferramentas de comunicação digital dentro da escola e no seu entorno.

Alguns pontos são fundamentais para o alcance no êxito o desenvolvimento do trabalho, como por exemplo a formação continuada e a melhor remuneração dos professores multiplicadores, que tem feito um trabalho de “alfabetização digital” junto aos outros discentes das escolas em Santarém. Fazendo um trabalho de aprendizado das técnicas informacionais digitais, mas também fazendo um debate ideológico, pedagógico e filosófico para que haja uma discussão em torno da educação que se pretende alcançar em Santarém.
A articulação da rede comunitária de comunicação escolar também é um ponto importante a ser destacado uma vez que ela promove o intercâmbio de saberes, e a produção de conteúdos a partir da realidade de cada comunidade, saindo do repasse de conhecimentos, para o aprender e ensinar juntos.  

O conhecimento na produção social, passou a ser mediado tecnologicamente. A cultura também se descolou, no momento em que essa mediação tecnológica deixou de ser apenas instrumental para ser estrutural. Podemos desctacar a contribuição de Barbero (2006) para a discussão:

(...)o que a revolução tecnológica introduz em nossas sociedades não é tanto uma quantidade inusitada de novas máquinas, mas sim, um novo modo de relação entre os processos simbólicos - que constituem o cultural - e as formas de produção e distribuição dos bens de serviço: um novo modo de produzir, confusamente associado a um novo modo de comunicar.(BARBERO, 2006, p.54).

A melhor maneira para que esse novo território garanta sua continuidade para além de políticas de governo é necessário que seja também criado por força de lei municipal que ampare todas as suas iniciativas, e que dentro deste projeto de lei seja também disposta a sua forma de funcionamento e os princípios norteadores para o cultivo de uma educação tecnológica digital libertadora com base na filosofia do movimento de software livre.
O propósito dessas intervenções no sistema de ensino aprendizagem das escolas que possuem laboratórios de informática, tem como propósito uma transformação social positiva, que a partir do cultivo de uma autonomia individual e coletiva posso refletir em uma melhor qualidade de vida e justiça social. 

A criação de coletivos de cultura digital, produtoras colaborativas livres, estúdio livres, rádios livres e grupos de programadores de computador comunitários, apontam uma possibilidade de mudança econômica para a cidade de Santarém, que dentro desse movimento de educação e cultura digital pode almejar para si a potencialidade de a médio prazo se tornar um centro de excelência na área das tecnologias na educação e na produção de conteúdos e de softwares livres.

Responsáveis: 
Jader Gama

Comentários

#1

Alguém tem uma imagem desse caso de Santarém?

#2

Pra não ficar sem imagem, encontrei essa do website do NIE que tem mais a ver com Metareciclagem. Podemos usar ou você tem uma melhor Jader?

https://nucleoinfoedu.wordpress.com/2013/08/12/nie-inicia-formacao-conti...